Desde o bug das redes sociais do início de outubro, tenho observado uma movimentação de influenciadores; muitos estão deixando de utilizar o Instagram como plataforma principal para postagem de conteúdo, e passando a utilizá-lo somente para redirecionar o público para conteúdos postados na íntegra em outras plataformas, como o You Tube, ou grupos de discussão no Telegram.
Numa análise superficial – e talvez somente cronológica – poderíamos supor que essa migração do conteúdo principal para outras plataformas seria resultado do medo de outros bugs, e da necessidade de ter o conteúdo disseminado em mais de um canal, caso algum deles pare de funcionar. Porém, olhando mais a fundo, tendo a acreditar que esse movimento se trate mais de uma forma de posicionamento político e social – e talvez até um certo techlash – do que apenas uma questão de estratégia e contingência de negócio. Ou ao menos um pouco de cada coisa.
Quem são os dissidentes do Instagram?
Vale notar que essa migração está acontecendo com um perfil bem específico de influenciadores: parecem ser aqueles abertamente críticos à cultura de “publis” e dos efeitos nocivos das redes sociais, e que abordam temas importantes, porém controversos, que por vezes geram algum tipo de restrição na plataforma, como feminismo, relacionamento abusivo, racismo, pautas lgbtqia+, saúde mental, entre outros.
Pode ser uma estratégia para burlar limitações do algoritmo do Instagram, conseguir mais disseminação do conteúdo e, consequentemente, mais seguidores nas redes vizinhas? Sim, até por pulverizar conteúdo e tráfego, já que até o momento não há um movimento de deletar nenhuma rede completamente. É um jeito de ter um plano B, tanto em casos de problemas na plataforma quanto de restrição por denúncia ou conteúdo considerado – na maior parte das vezes, erroneamente ou por denúncia/retaliação – inadequado? Sem dúvida.
Também há de se considerar que em alguns casos também é uma forma de se capitalizar com as visualizações, ao contrário do que acontece no Instagram e no Facebook, onde, de certa maneira, trabalhamos todos de graça para o titio Zuckerberg.
Estratégia de marketing ou revolução?
Sinto um quê de algo mais nisso tudo. Talvez uma pitada de “não vamos mais nos dobrar a políticas e práticas com as quais não concordamos”, com um pouco de “cansamos de ser coniventes com redes que comprovadamente prejudicam a saúde mental dos usuários”. Uma dose generosa de “não queremos mais participar do reforço de estereótipos e preconceitos promovido pelo algoritmo”. E muita, mas muita vontade de encontrar alternativas. Espero que vire tendência.
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